A polêmica em torno do livro "Caçadas de Pedrinho" de Monteiro Lobato (ainda sob apreciação do Conselho Nacional de Educação através do parecer 15/2010 - que orienta sobre a abstenção de uso de material que não siga as políticas públicas para uma educação antirracista) também está contida na disputa de um mercado avaliado, para este ano, em cerca de R$ 1 bilhão (mais precisamente R$ 967,2 milhões, incluindo parcela para reposição ao longo do ano).
Muitas editoras disputaram uma fatia deste bolo administrado pelo Ministério da Educação (MEC) através da compra pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação de livros que o Programa Nacional do Livro Didático distribuiu para as escolas públicas em 2011. Ao longo deste ano, as 21 editoras contempladas - via escolha feita pelas escolas - venderam 1846 títulos multiplicados em 135,6 milhões de exemplares ao preço médio de R$ 6,49 cada exemplar.
O livro "Caçadas de Pedrinho" é vendido em uma famosa livraria no município do Rio de Janeiro a cerca de R$ 15,00. Quem o publica é a Editora Globo empresa pertencente às Organizações Globo, que política e historicamente é contra o conjunto de políticas públicas de ações afirmativas voltadas para a população negra (pretos e pardos) no Brasil. Pelo tamanho do mercado acima registrado dá para se ter uma idéia do quanto a editora das Organizações Globo vai deixar de ganhar ($$$) caso não venda esta obra de Lobato ao governo e fique sem esta parcela do dinheiro público investido no programa de compra de livros para crianças e adolescentes alunas e alunos das escolas públicas, que são mantidas com dinheiro dos impostos que pagamos (direta e indiretamente).
E entre o nós oculto no pagamos estamos nós negros e negras " tão bem quistos " pelo escritor Monteiro Lobato.
Evidente que a polêmica em torno do livro "Caçadas de Pedrinho" não se restringe ao aspecto econômico. Mas este é um ponto cuja relevância deve ser levada em consideração. Esperamos que o Conselho Nacional de Educação e o próprio Ministério da Educação confirmem o teor do parecer 15/2010, que apenas recomenda o que já é uma determinação do próprio ministério há oito anos.
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